Faz hoje dois anos que chegaste ao mundo. Ao meu, ao deles, ao nosso, ao vosso!…
Certo é que chegaste e acabaste com eles. Criaste “o teu mundo”, onde cabemos agora todos lá dentro!…
Sempre me disseram que ser tia é um regalo, é ter o melhor dos dois mundos sem as dores de cabeça e as noites perdidas da parentalidade.
Nasceste num Sábado de sol, uns dias antes do previsto.
“Alguém quer vir mais cedo ao mundo” anunciava o sms do meu irmão na véspera, querendo, como é seu apanágio, transmitir uma calma aparente, mascarando o nervoso miudinho.
Aquela sexta-feira à noite deixou de ser igual às demais. Não me lembro do filme que passava na minha televisão (até porque deixei de lhe dispensar atenção) mas lembro-me do que passava na deles quando a futura mãe anunciava a hora de ir para o hospital: Apocalypto.
Deitei-me fantasiando que, muito possivelmente, no dia seguinte já te olharia…
E olhei-te… E toquei-te… E tu respondeste… (reflexivamente, não interessa)… E peguei-te… E instantaneamente enchi-me de amor… “Então é isto a tal história do amor fraterno, de sangue e incondicional”?!…
Graças à loucura dos dias, hoje, não te olho, toco e pego nem metade das vezes que gostaria…
E quando volto o olhar, já não gatinhas… Quando volto a pegar-te já faço mais força… Quando te oiço, já alargaste o vocabulário e corriges os adultos que pouco sabem das letras das tuas canções preferidas… “ Olha a bola, Manuel, olha o bola Manuel… Foi-se embora, fugiu”
O tempo é demasiado fugaz… E esta bola foge-nos…
Contra tudo o que é racional, razoável e sensato, e só aqui para nós que ninguém nos ouve: “Não cresças já”!