Tenho que o dizer!
Declaro-me surpreendida com a atenção com que a “pessoa da grávida” é tratada por terceiros!
Situação 1:
Metro “à pinha”. Um sujeito atento volume do meu vestido, oferece-me o lugar que tinha vazado há segundos e que ele próprio cobiçava. Uma outra sujeita antecipa-se e dirige-se para o desejado assento. Antes que a mesma possa sequer fletir os joelhos e ensaiar o movimento de agachamento, o sujeito agarra a sujeita pelo braço: “ Não está a ver a menina?”
Quase coro, embaraçada. (Curioso que a palavra espanhola para “grávida” seja precisamente “embarazada”…)
Situação 2:
Entrada no parque de estacionamento do colombo. A máquina decide presentear-me não com um, mas com uma boa meia dúzia de bilhetes. “Bom, à saída, algum deve dar…”. Pois à saída nenhum dá. “Bilhete ilegível” em todos eles! Dirijo-me ao balcão de atendimento ao cliente, esperando resolver rápida e eficazmente o incidente e, já agora, fazendo fé que não irão fazer-me pagar o tempo máximo de permanência.
_ “Há quanto tempo está no centro?”, pergunta quem está atrás do balcão.
_ “Não sei precisar. Talvez há três horas, mais coisa menos coisa…”
_ “Não está de certeza no centro há mais do que uma hora, POIS NÃO?!”.
Regista então o bilhete com o tempo mínimo de permanência, despedindo-se com rasgado sorriso e desejando as maiores felicidades…
Estas e outras situações (falei de outras aqui) não apenas me surpreendem, como, de alguma maneira, me enternecem.
É como se a grávida adquirisse um estatuto que se basta a si mesmo. Antes de ser pessoa, mulher, cliente ou utente, é “grávida”. Está a gerar vida e isso merece o respeito e, por vezes, a contemplação dos demais!..
Recebo há dias um “ralhete” do segurança de um conhecido hipermercado por, imagine-se, NÃO estar na caixa prioritária!…
Agora sim, a caminho das 20 semanas, começo a fazer uso dos lugares de estacionamento pintados de azul e das caixas prioritárias no supermercado.
Aflige-me observar grávidas que se coíbem de utilizar os recursos disponíveis por recearem olhares reprovadores ou acusadores de “chico espertismo”…
Sobre isto, um parênteses importante: Não é egoísmo! Pelo contrário! É que Não é em nós que estamos a pensar!…