O amor é também estar no sofá, a disputar a mesma manta, a ver series más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio… Não importa!
É escandaloso como as canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor!… Como é possível não falarem dos serões à frente da televisão, no sofá?! Não se entende!…
Diz José Luís Peixoto que “é muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos”(…)
Temos a manta!… Temos a lareira!… Não é preciso mais nada!…
Nem mesmo palavras, se não nos apetecer!… Este é o silêncio confortável!… Não um vazio que tem que ser preenchido…
Há canções e poemas que muito sabem sobre o amor e até falam de mantas repartidas.
Este post trouxe-me imediatamente à ideia a canção “Manta para dois”, dos Deolinda, cuja última estrofe aqui reproduzo:
“(E, por estas e por outras,) quase que nem damos conta
das vezes que, amuados,
no sofá, refastelados,
com os pés entrelaçados,
e narizes encostados,
já os dois bem enrolados,
brutalmente apaixonados,
repartimos a manta sem incidentes”
José Luís Peixoto, ao escrever, com tanta verdade, que “é muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos”(…)
bem podia estar a pensar neste poema…
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