Parabéns!! São gémeos!!
Naquele instante, o meu mundo parou!…
Deixei de ver a imagem que o ecógrafo projetava, de ouvir as palavras entusiastas da médica, de sentir o aperto da mão do R, já inebriado de felicidade!… (O estado de pânico deve ter-lhe durado não mais do que uns 30 segundos…)
Gelei!… “E agora”? “E depois?”
Levantei-me da marquesa. Tinha já os pés bem assentes no chão mas o consultório continuava a girar!… O bode expiatório não era agora a tensão baixa típica da gravidez, que já me atacava nos últimos dias…
Agora percebia os valores absurdos do beta hcg, as tonturas e as indisposições colossais…
“Numa gravidez gemelar, é tudo a dobrar”, dizia, enquanto terminava a prescrição da receita: “Estes são comprimidos SOS, para as náuseas”
Despedimo-nos.
Olhos na estrada, pensamentos a mil!…
Sem querer, deixei-me invadir por um misto de perplexidade e receio (deixemo-nos de eufemismos, a expressão é “Medo!!”), dúvidas, ansiedades, questões, os “ses”, os “comos” e outros advérbios pouco apaziguadores do espirito.
Ainda antes dos medos “e depois” são os medos “e agora”…
Confrontação com o nome “gravidez de risco” e com o que ela traz consigo: descanso forçado, romarias ao médico, análises e exames mais frequentes, proibição de praticar qualquer exercício físico, risco de parto prematuro, etc, etc…
Podia adivinhar-se que, nessa noite não consegui jantar… Pelo contrário, apeteceu-me “comfort food”!…
“Comfort food” é toda aquela comida que se apresenta bem quente (apesar de estarmos em pleno Agosto), comida de tacho e carregada de temperos… Aquela comida que nos conforta até a alma.
Anseio pela chegada do amanhã que trará, certamente, mais clareza!… Não é isso que dizem?…
_”Bom dia aos 3!”, aclama o R.
Largamos em uníssono uma enorme risada!
Prometi ao R (e a mim mesma!) que, dali para a frente, iria pôr os medos um pouco de lado e permitir-me desfrutar da gravidez…Afinal de contas, é, uma benção!…
Há dias escrevia-me uma também mãe de gémeos que, nas suas palavras, dizia ser “uma bênção que não é para todos. Just for the special one!”
O nosso amor é enorme!É quase científico. Sou das letras, mas não é preciso ser um expert a matemática para prever que, com este ingrediente, não é possível um resultado inferior ao “maravilhoso”!
E que maravilhoso que é… sermos quatro!