Os quilos e centímetros que te separam do teu irmão gémeo conferem-te o epíteto de “o bebé”.
Já escolhes as tuas roupas e as histórias que queres ouvir.
Os teus membros magros já mexem com coreografia própria, ao som da música que tu já escolhes.
Já falas com certeza das coisas e até já me corriges, com a lógica desarmante do raciocínio meninil.
Ainda (desculpa, “já!”) tens 3 anos e já és dono e senhor das tuas vontades. Mas à vontade não é à vontadinha e até a “paciência de Job” deste “job” que é ser mãe tem limites.
Fazes reivindicações absurdas e caprichosas.
Consegues a proeza de conseguir franzir um sem-número de músculos faciais, sem que isso comprometa o garbo das tuas feições desenhadas a pincel.
As birras reproduzem-se com agudos em repercussão.
Estes estados não se demoram, mas repetem-se em ciclos curtos.
Quando o calor da ira já tingiu de vermelho a tua pele branca, dobras o choro e eu dobro-me sobre ti.
Pego-te ao colo. Encostas a cabeça e suspiras. Quem disse que os bebés (desculpa, “as crianças” não suspiram?)
Fazes beicinho e sabes que eu fico… pelo beicinho.
Ainda me pedes para me deitar contigo e a mão quando há escadas.
Ainda me pedes para soprar quando está quente e que te tape quando está frio.
E colo… muito colo!
És “o bebé”. E se me corriges… faço-te a folha.