Ninguém sonha ser madrasta ou padrasto, não venham com estórias.
E podemos começar por aí, pelas estórias. Nas estórias, as madrastas são vaidosas, cruéis e cínicas. As madrastas infernizam a vida dos filhos do pai e só descansam quando o vira contra eles. As madrastas só gostam dos próprios filhos, que são em tudo superiores aos filhos/as do pai, convertidos, entretanto em criados, com a condescendência omissa deste.
É difícil ser madrasta. A “namorada do pai”, a “tia” a “(nome próprio).”
É difícil encontrar o equilíbrio entre o ser atenta, mas não intrusiva.
Entre o ser maternal, mas não “armar-se em mãe”. Entre o “até ser fixe”, mas obrigar a comer os brócolos.
E ter a visão raio X necessária para ver os sinais de código de conduta das madrastas e dos padrastos. Aqueles que indicam: PROIBIDO entrar por aí; caminho sem saída ou PERIGO de esbarrar com “tu não és minha mãe!” A verdade é que não é. Assim como aquele filho não é o seu. E ainda que diga gostar dele “como se fosse”, a verdade é que não é.
Mas se é verdade que “uns são filhos, outros enteados”, não é menos verdade que, quando fazem a lista de compras, quando escolhem o destino de férias, quando tratam da febre não há os “meus e os teus”, mas os “nossos”. Era isto que queriam dizer quando fizeram aquele quarto lá em casa.
Já era tempo de as “bruxas” das estórias merecerem outro trato.