Ontem dizia a um deles dos gémeos:
_ “Anda. Vem sentar-te à mesa!”
_ “(risos). Tu enganaste-te! Não é na mesa. É na cadeira!”
As crianças são carniceiras da razão, bastiães da justiça e, para elas, há apenas uma verdade, e uma verdade de uma lógica tão crua e transparente, que só quem não assassinou a criança dentro de si consegue alcançar.
Gosto muito da franqueza sem filtros embutida nas palavras das crianças.
Regalo-me com os monólogos que rompem quando acreditam que estão sozinhas e “ninguém está a ouvir”. Tenho ainda a sorte acrescida de poder assistir da bancada aos diálogos espirituosos entre irmãos nos (curtos) minutos que antecedem a necessidade de mediação e arbitragem parental.
E se, por um lado, até já nos corrigem, por outro, ficam completamente atordoadas quando percebem que, afinal, as mães e os pais também se enganam e, pior, que até já tiveram a idade deles!…
Como se a maturidade fosse impermeável ao erro e o ser adulto fosse um posto.
Sim, as mães também se enganam.