Fala-se hoje mais do que nunca da importância do positivismo e do otimismo. O Instagram foi inundado de mensagens quase eufóricas; criaram-se hashtags próprios, desenhos específicos e uma corrente que insiste em ver o copo meio cheio, senão a transbordar.
Pessoalmente, já não posso com os #vamostodosficarbem . A verdade é que, para muitos, #naovaificartudobem, não é um tempo de reinvenção e sermos forcados a encher os sorrisos de amarelo é arriscarmo-nos a tornarmo-nos numa icterícia de gente com ambição de arco iris. Aquele #arcoiris com que temos sido inundados tem, ele próprio, várias tonalidades e um daltonismo forçado e pintado de cor-se-rosa é reforçar o estigma da doença mental e do sofrimento psíquico.
Claro que o positivismo é importante, mas a positividade tóxica é uma ameaça ao nosso equilíbrio. Ninguém pode estar sempre feliz. A tristeza não só faz parte de nós como também é precisa. Há que aceitá-la, tratá-la por tu, abrir-lhe a porta quando ela toca, sem que, com isso, a convidemos a sentar.
Pela parte que me toca, jamais ensinarei os meus filhos que os homens não choram.