A tristeza nunca foi fotogénica.
Habituou-se a ser cortada nos enquadramentos ou filtrada nas expressões. Acostumou-se a ser desdenhada junto do coletivo emocional e
persona não grata ao festim dos sentimentos.
Aflige-me que as crianças se habituem, desde cedo, aos: “Não fiques triste!” e “Não chores” da gente grande que se fez pequena.
Acredito que o que está na base destes (des)ensinamentos é a dificuldade que o adulto tem em, ele próprio, lidar com a tristeza. E esta dificuldade não nasce connosco, é um bug que vem com o crescimento.
Eu tenho uma tática: quando ela bate à porta, deixá-la entrar, mas não a convidar a sentar-se. Servir-lhe o chá, mas não lhe juntar açúcar, tratá-la pelo nome, mas sem camaradagens.
Mas e a criança (des)ensinada a não abrir a porta a estranhos, o que faz quando a tristeza bate? Manda-a embora, finge que não está… E quando ela entra, disfarçada, sacode-a. E a culpa cola-se como uma segunda pele porque, afinal de contas, ela não devia estar triste…
Aos meus filhos conto ensinar-lhes o nome destes estranhos para que não o sejam e (des)ensinar-lhes que “os homens não choram”.