Um bebé prematuro nunca deixa de o ser.
Por muito que digamos, a nós e aos outros, que #japassou , a verdade é que é difícil desvincularmo-nos daquele tempo que não passa.
Porque é difícil desligarmo-nos dos aparelhos que não desligam.
Porque a angústia nos pesa, e pesa incomparavelmente mais do que eles.
Porque não temos de decifrar-lhes o choro, mas saber ler gráficos e interpretar apitos.
Porque procuramos certezas nas batas brancas sem rosto ou treinadas para exibir cara de poker. Mas são elas que dão as cartas e as apostas são os gramas ganhos no dia seguinte.
Porque pedir autorização para dar colo a um filho é cruel.
Porque voltar para casa sem essa parte de nós é penoso.
Porque o júbilo de os levar para casa confunde-se com o medo.
Por isto, e por muito que cresça, um bebé prematuro não deixa de o ser.