A verdade é que a tristeza não é confortável, não lhe encontramos posição e evitamo-la a todo o custo.
A verdade é que temos pouco espaço para estarmos tristes.
O discurso insuportavelmente positivo que nos assalta quase diariamente, as vozes-comando de otimismo e felicidade a metro acabam por ser formas de camuflarmos a tristeza, pormos-lhe corretor por cima e disfarçar com maquilhagem a icterícia dos sorrisos amarelos.
Um lugar que blasfema a tristeza não é anti-depressivo.
Não confundamos euforia (que é defensiva, um sentimento de triunfo sobre a dor) com alegria, que a encontra e a transforma.
E a maior parte de nós não se apercebe que, ironicamente, a forma mais eficaz de ficarmos presos a uma dor é fugir dela.
A tristeza é o melhor anti-depressivo que existe.